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PENSANDO COM A CABEÇA DO PROVEDOR DE RECURSOS

REESTRUTURAÇÃO DE DÍVIDAS E CAPTAÇÃO DE RECURSOS POR EMPRESAS EM DISTRESS

Enfrentar crises, atravessar dificuldade financeira. Um ponto ao longo da trajetória de não poucos empresários no cenário contemporâneo. Buscar recuperar a capacidade de competir, gerar divisas, atrair e movimentar recursos financeiros passam a ser tônica durante esse tempo. Toda empresa um dia pode enfrentar períodos desafiadores. Empresários e executivos são especialistas em seus mercados, mas não necessariamente em dirigir o barco durante a ventania. É salutar saber, então, que é possível vencer crises agudas com as pessoas e as ferramentas certas.

 

Enquanto uma empresa opera dentro dos limites de uma estrutura ótima de capital, com proporção saudável entre capital próprio e de terceiros, com folga de capacidade de cobrir os serviços da sua dívida, liquidez, e com boa qualidade e cobertura por ativos empenhados em garantia, o nível de preocupação e interferência operacional pelos provedores de capital é relativamente baixo. Quando esses limites são extrapolados, entretanto, é ainda mais importante que a empresa se organize para enfrentar esses períodos de tempestade.

 

A necessidade e o desejo de recursos novos (captação) não é causa, mas apenas a gota d’água (a consequência) em decorrência de uma série de outros fatores combinados – e que precisam ser compreendidos previamente. O diagnóstico, então é o início da jornada. A necessidade de capital de giro não satisfeita impede a empresa de desenvolver seu plano de negócios e suportar os serviços das dívidas pré-contratadas, levando à insolvência.

 

POSTURA PROVÁVEL DO AGENTE: OTIMISMO OU PRUDÊNCIA?

 

É possível testemunhar, às vezes, em algumas conversas de busca capital nessas circunstâncias, empresários que ainda estruturam operações (e perdem tempo) esperando uma postura mais de otimismo, e menos de prudência de agentes provedores de capital, e sem a pré-disposição (ou capacidade) de construir e demonstrar um plano viável para superar as dificuldades. É honesto aconselhar que provedores de capital qualificados não estarão dispostos a embarcar em teses descuidadas. Dinheiro novo virá após o empresário tomar providências e medidas corretivas (e demonstrá-las) que forem necessárias para redirecionar o negócio quando enfrentam condição de crise aguda.

 

Quando uma empresa começa a enfrentar dificuldade, costuma haver uma corrida mais ampla e agressiva de credores de toda natureza em busca de ressarcimento, pois estes perderam a confiança na continuidade desta empresa. Então, buscam judicialmente capturar, por meio de bloqueios, qualquer recurso que esteja eventualmente disponível, a despeito de eles serem necessários para a empresa cumprir com suas necessidades mais prementes (pagar funcionários, fornecedores, comprar matéria-prima etc.) para continuar operando.

 

Tal corrida de credores pode representar grave ameaça e criar uma espiral negativa de depreciação dos negócios, e sucessão de pioras tende a acelerar, e estratégias de ataques à empresa podem ser criadas por concorrentes, fornecedores, clientes e demais agentes econômicos.

 

Ninguém vai se mover rapidamente, ou no escuro, ou deixar de tomar decisões informadas com informações de qualidade simplesmente pela mera urgência do empresário, com necessidade premente de capital novo no curto-prazo no negócio. Por isso é importante compreender o valor de ter profissionais especializados e experientes ao seu lado no processo, assessores financeiros e de negociação e advogados.

 

Por fim, é preciso entender também que a reorganização dos passivos, o reperfilamento dos débitos, a atenção para o nível de governança instalada, com direitos de veto e monitoramento do desempenho operacional da empresa, bem como a oferta de proteção e criação de um ambiente seguro para esses novos provedores de capital, pode significar a esperança para um crescimento estruturado, desenvolvimento da função social da empresa e a perpetuação das suas operações. 

Autor: João Roberto Mesquita. Conselheiro consultivo de empresas e sócio da Via Mandatto Assessoria Empresarial.

 

Especialista em finanças corporativas, captação de recursos, assessoria em fusões e aquisições (M&A), alianças estratégicas (joint ventures) e restruturações societárias. Engenheiro e contabilista, pós-graduado em economia, com 25 anos de experiência. Conselheiro de Administração (CCI) certificado pelo IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

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