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MEU NEGÓCIO NÃO CRESCE HÁ ANOS. TEM PROBLEMA? POR QUE PRECISO BUSCAR A MÁXIMA EFICIÊNCIA?

Crescer não deve ser uma meta estratégia em si, mas a opção adotada em decorrência de uma análise estratégica.

Antes de tudo, parabéns. Ainda que eventualmente seu negócio não esteja crescendo, ele está sobrevivendo, e você fez uma gestão de risco suficiente.

E só por esse motivo já tem a minha profunda e sincera admiração. Mas devo alertá-lo que chegou a hora de passar a ter outra visão sobre ele.

 

Para refletir, vamos classificar duas situações específicas: a primeira, negócios "life style", aqueles do tipo vacas leiteiras, que existem para custear as despesas e necessidades familiares dos sócios, e ajudá-los a estruturar outros negócios distintos. A segunda, negócios enxergados como investimento, que buscam proativamente a perpetuidade do negócio principal no seu setor, e para isso precisam construir as estruturas de governança e de gestão para serem atrativas ao capital de terceiros.

 

E é aí que a discussão sobre as decisões de crescimento e ganhos de eficiência são tratados de formas bem distintas dependendo de qual dessas duas visões está presente. Sem falar que negócios que não crescem não geram oportunidades para as partes que orbitam em torno dele. Se a necessidade de crescimento é imperativa, ela pode se dar basicamente de forma orgânica ou inorgânica, como explicado a seguir. 

 

CRESCIMENTO ORGÂNICO VS. INORGÂNICO (POR AQUISIÇÕES)

Crescer organicamente significa imprimir expansão natural vegetativa das operações da empresa. Aqui se enquadram os projetos greenfield em novos mercados, bem como o desenvolvimento interno de novos produtos ou serviços. Já o formato inorgânico implica o crescimento por meio de aquisição de participação no capital social de outra empresa (as ditas operações de M&A).

 

Naturalmente, há preferências por uma ou por outra estratégia. Na realidade do mundo dos negócios, recomenda-se que as empresas admitam crescer por meio da combinação das duas estratégias. Nossa experiência nos mostra que, via de regra, as empresas que aceitam o crescimento por aquisição também admitem o crescimento orgânico. Todavia, nem todas as empresas que aceitam o crescimento orgânico admitem por aquisição.

 

Na Via Mandatto, nós preparamos e assessoramos as negociações de empresas que buscam esse crescimento inorgânico, e a dica de ouro é nunca temer uma transação ou negociação supostamente difícil. Para quem está comprando e quer ser bem-sucedido em uma negociação de M&A, é preciso focar no valor futuro das possibilidades criadas, não no preço pago ou na avaliação inicial. Os alvos de aquisição (que chamamos de targets) podem ser desde meros ativos específicos, quanto empresas operacionais (em marcha) ou que enfrentam problemas de liquidez (targets em distress). Nesse último caso, os credores passam a ter mais relevância na participação das decisões do que os próprios sócios vendedores.

AQUISIÇÃO POR OPORTUNIDADE OU ESTRATÉGIA?

Com muita segurança, sabemos que as melhores transações emergem de análises estratégicas, e não de oportunidades circunstanciais. Aquisições por oportunidade podem se mostrar tão tentadoras quanto desastrosas, especialmente se envolver critérios subjetivos combinados com a pressão do tempo, do tipo "é pegar ou largar" ou "cavalo selado não passa duas vezes". As aquisições em decorrência de estratégia podem envolver o ganho de sinergias, engenharia financeira, consolidação de mercado pulverizado, mercados adjacentes, aquisição de tecnologia ou de time, ou ainda consolidação em mercado maduro, por exemplo. E a eficiência? Em mercados competitivos e pulverizados, ficar para trás nesse benchmark é tornar-se alvo.

Mas, para concluir, aqui cabe um alerta: crescer não deve ser uma meta estratégia em si, mas a opção adotada em decorrência de uma análise estratégica.

A qualidade de uma boa aquisição, como outras decisões complexas, depende das alternativas disponíveis. O melhor é que o mérito da transação seja objetivamente descrito, detalhado e documentado. Essa descrição servirá também como parâmetro para metas e reavaliações futuras, além de evitar motivos frívolos, como a vaidade.

João Roberto Mesquita é sócio da Via Mandatto Assessoria Empresarial. Especialista em finanças corporativas, assessoria em fusões e aquisições (M&A), alianças estratégicas (joint ventures) e restruturações societárias, bem com consultoria estratégica para aperfeiçoamento à gestão empresarial, à governança corporativa e familiar. Engenheiro e contabilista, pós-graduado em economia, com 25 anos de experiência. Conselheiro de Administração (CCI) certificado pelo IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

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